Excelentíssimo(a)
Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) Federal da 25ª Vara Cível da Secção Judiciária Federal de
São Paulo
(JFSP06/08/2007.000220202-1)
Autos nº 2007.61.00.021561-9
Ação Popular
Substituto Processual: CARLOS PERIN FILHO
Réus: UNIÃO FEDERAL e Ots
CARLOS PERIN FILHO, nos autos da popular
ação epigrafada, venho, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, apresentar as
seguintes ilustrações para melhor conhecimento jurisdicional das nulidades
administrativas em questão:
1º) Jornal do Senado de
23 a 29 de julho de 2007, p. 5,, sob título "Redecker lutou pela criação de CPI
do Apagão Aéreo", com destaque ao primeiro parágrafo:
"Entre as vítimas do acidente com o vôo
3054 da TAM no Aeroporto de Congonhas, estava o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), líder
da Minoria na Câmara. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, expressou solidariedade
à família de Redecker e ressaltou que o deputado era um 'político jovem, ao mesmo tempo
combativo, leal e terno'. Redecker embarcou em Porto Alegre no vôo da TAM e pegaria outro
vôo no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), com Chinaglia, para viagem aos Estados
Unidos, onde teria reuniões com parlamentares norte-americanos.
(....)"
2º) De ANDRÉ CARAMANTE, matéria sob o título
"TAM inclui taxista e vítimas chegam a 198 Companhia passou a considerar
Thiago Silva, 22, que está desaparecido, entre os atingidos por tragédia em Congonhas
Responsável por identificar os mortos do acidente com Airbus-A320, a Segurança
Pública de SP não se manifestou sobre motorista", publicada no jornal Folha
de S. Paulo de 23.7.2007, p. C-5. Na página seguinte, C-6, CINTHIA RODRIGUES, MARIANA
BERGEL e VERENA FORNETTI cobrem a homenagem que um mil e duzentos seres humanos prestaram
na Catedral da Sé, com registros visuais de LEANDRO MORAES/Folha Imagem e VÂNIA
DELPOLO/Diário de SP. Na mesma página, JOEL SILVA/Folha Imagem registra
protesto de parentes e amigos das vítimas;
3º) De ADYR DA SILVA, presidente da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE DIREITO AERONÁUTICO E ESPACIAL e do INSTITUTO DO TRANSPORTE AÉREO NO BRASIL,
chefe permanente desta res publica perante a ORGANIZAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL
INTERNACIONAL, artigo sob o título "Congonhas, crise e tecnologia",
publicado no jornal Folha de S. Paulo de 24.7.2007, p. A-3;
4º) De MARILENA LAZZARINI e MARCOS PÓ ( www.idec.org.br ) artigo sob o título "Crise
aérea: o desrespeito à nossa sociedade", publicado no jornal Folha de S. Paulo
de 26.7.2007, p. A-3, com destaque para o seguinte parágrafo:
"(....)
Preocupado com a segurança aérea, o Idec enviou carta em 8/6
para a Anac, a Infraero, os ministérios da Defesa e do Planejamento, a Casa Civil e o
presidente Lula solicitando informações. A Anac e a Infraero informaram, como se não
tivessem nada a ver com o caos instalado, que a responsabilidade é do Comando da
Aeronáutica. E o Ministério da Defesa, responsável pelo comando, até agora não enviou
resposta"
(....)"
5º) De RENATO MEZAN, artigo sob o título
"Falta Descartes, sobra Maria Antonieta Ações do governo federal na crise
aérea são orientadas por um 'pensamento mágico', que suprime o planejamento"
publicado no caderno mais do jornal Folha de S. Paulo de 29.7.2007, p. 3, com
registro visual de JOEL SILVA/Folha Imagem;. Do artigo os seguintes parágrafos
são destacados:
"Do simples ao complexo
Mas Descartes, que no 'Discurso do Método' aconselhava dividir
as dificuldades em tantas partes quantas fossem necessárias e solucioná-las indo das
mais simples às mais complexas, não faz parte das referências dos nossos atuais
governantes.
Esses preferem inspirar-se em Maria Antonieta, de quem diz a
lenda que teria mandado a multidão que batia às grades de Versalhes comprar brioches,
já que não tinha pão."
6º) O artigo do psicanalista RENATO MEZAN fez este Cidadão
lembrar ter recebido, em substituição processual coletiva, uma carta aberta aos
órfãos da razão e do juízo que estava em arquivo (para ser encaminhada no contexto
das ações populares já propostas sobre administração aeronáutica), do ilustre
presidente do MOVIMENTO DE MORADORES DO CAMPO BELO, com registro visual de
PATRÍCIA SANTOS/AE, publicada no jornal O ESTADO DE S. PAULO de11.02.2007,
p. J-7, também anexa.
7º) Para concluir mantendo o tom de fato e de direito meio
psico-alienado desta ilustrativa petição em substituição processual coletiva, segue
entrevista de FLÁVIA TAVARES com o professor FÁBIO KONDER COMPARATO, publicada no jornal
O ESTADO DE S. PAULO de 29.7.2007, p. J-4 e
J-5, com destaque para as seguintes perguntas e respostas:
"(....)
As agências reguladoras, que deveriam ser uma forma de o
governo mostrar que está atento, defendendo direitos do cidadão, parecem agir mais de
acordo com os interesses das empresas, como se fossem representantes delas. Por quê?
Nos EUA, a criação das agências reguladoras teve o objetivo de
impedir que a pressão dos políticos tornasse inócua a fiscalização e regulamentação
das atividades econômicas. Já com a criação das agências autônimas no governo FHC,
houve um contrabando ideológico, porque elas surgiram para impedir a regulação do
Estado sobre a economia. Todas elas, sem exceção, têm ligações íntimas e incestuosas
com as empresas que deveriam fiscalizar. O caso da Anac é evidente. Por que o aeroporto
de Congonhas foi liberado com uma pista inacabada, resultando em um homicídio culposo por
parte dos dirigentes públicos? Porque a utilização do aeroporto era indispensável para
a lucratividade das companhias aéreas. Essas agências precisam ser extintas ou
reformuladas. No caso do acidente da TAM, é preciso saber quem liberou o uso da pista sem
as ranhuras. No direito penal, consideram-se co-autores de um crime todos os que
concorreram para o resultado. Portanto, deveríamos levar ao Ministério Público (MP) uma
denúncia para apontar responsabilidades. Se o MP não denunciar, cabe a ação penal
privada por parte dos familiares das vítimas.
(....)
A impressão que se tem é a de que até mesmo uma crise como
a que aconteceu em Congonhas pode chegar filtrada. Viria daí a indignação das pessoas,
tão visível nos últimos dias?
O povo fica fora de si porque não tem a quem recorrer. Uma
solução para isso seria multiplicar as ouvidorias. Não sindo falta de ouvidores da
companhia ou do governo, mas de ouvidores de alguma forma apontados pela população. As
entidades de defesa dos direitos do consumidor poderiam escolher pessoas assim. Gente que
teria uma ligação direta com o MP. E precisamos cobrar cada vez mais do MP. Este órgão
deveria cada vez mais cortar os laços com o governo. Laços que ainda existem no plano
federal, afinal, o chefe do MP é designado pelo presidente da República. E não poderia
ser nomeado pelo Poder Executivo, jamais.
(....)"
São Paulo, 02 de agosto de 2007
Carlos Perin Filho
OAB-SP 109.649