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Desde os momentos que levaram ao início dos
cursos jurídicos no Brasil, em 1827, nós bacharéis em Direito temos importância e
responsabilidade históricas por acontecimentos relevantes no campo político
latino-americano, seja partidário ou não, por comissão ou omissão... Com a criação
da Ordem, aquele pepel político não partidário ficou ainda mais evidente, pois os meios
institucionais de composição e expressão da vontade política não partidária foram e
estão sendo cada vez mais aprimorados, conforme bem articulado por ROBERTO BUSATO e
noticiado pelo site federal da ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - www.oab.org.br - in verbis:
__________________________ início da matéria
Artigo: A OAB e o impeachment
Brasília, 26/04/2006 O artigo "A OAB
e o impeachment" é de autoria do presidente do Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, e foi publicado na edição de hoje (26) do
jornal Correio Braziliense:
"A crise política, que se arrasta há quase
um ano, coloca mais uma vez em evidência o papel institucional da Ordem dos Advogados do
Brasil. Um papel que, infelizmente, nem todos compreendem: o de intervir no processo
político sem, no entanto, permitir que essa intervenção se contamine por qualquer
interesse faccioso.
A OAB não é partido político nem tem
ideologia. É uma tribuna da cidadania, espaço público não-estatal a serviço dos
interesses da sociedade civil. Como em outros momentos dramáticos da história
republicana brasileira, somos chamados a exercer um protagonismo na cena política que
não postulamos, mas a que não podemos fugir.
O que nos move é o que está expresso no artigo
44, inciso I, do Estatuto da Advocacia: o compromisso com a defesa da Constituição, da
ordem jurídica do Estado democrático de Direito, dos direitos humanos, da justiça
social e da boa aplicação das leis.
No próximo dia 8, o plenário do Conselho
Federal da OAB deliberará em Brasília a respeito de proposta de impeachment ao atual
presidente da República. Esse tema está posto não por nós, mas como decorrência
natural da série de escândalos trazidos à tona a partir das denúncias do ex-deputado
Roberto Jefferson, em junho do ano passado. Denúncias às quais, no início deste mês, o
procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, deu sua implacável chancela.
Em denúncia formal ao Supremo Tribunal Federal,
enquadrou como delinqüentes nada menos que 40 personalidades, a maioria agentes públicos
ex-ministros e parlamentares , figuras de destaque no atual governo. Com a
autoridade e a responsabilidade que o cargo lhe confere, sustenta que agiram como
"organização criminosa", a que reiteradamente chama de "quadrilha".
Acusa, sem meias-palavras, o ex-chefe da Casa
Civil do governo Lula, José Dirceu, de "chefe da quadrilha". E aponta a antiga
cúpula do PT como "núcleo da organização criminosa". Seu relatório, ao
confirmar as denúncias de Jefferson, acrescendo-as de dados objetivos colhidos pelas
investigações das CPIs e do próprio Ministério Público, coloca a crise em patamar
diferenciado: já não é apenas política é institucional.
São fatos concretos. O mensalão é uma
realidade, investigada e constatada. Realidade abjeta, que levou alguns parlamentares a
renunciar ao mandato para evitar a cassação; outros a serem cassados; e, finalmente,
preservou o mandato de outra parte, acobertada por um indecoroso espírito de corpo.
Diante dos fatos, a OAB não pode deixar de se
manifestar. Mas não permitiremos que essa intervenção, que é da cidadania, seja
eleitoralmente explorada. A OAB não sobe em palanque nem permitirá que facções
políticas queiram erguê-lo sobre nossas trincheiras de luta. Vivemos um momento trágico
da história brasileira, mas mesmo assim fundamental em nosso processo de amadurecimento
como nação.
Precisamos emergir moralmente engrandecidos deste
episódio. Torná-lo fator propulsor da elevação de nossas práticas políticas. Não
podemos permitir a manipulação eleitoral da crise.
No momento em que a sociedade descrê de seus
homens públicos, de suas instituições, o que está em risco é a própria democracia, a
própria República. É desse fermento que se nutre a serpente do autoritarismo.
Lamentavelmente, é este o caldo de cultura que se está formando. A tanto nos levou a
ação deletéria de alguns de nossos agentes públicos.
O Conselho Federal da OAB é um colegiado plural,
democrático, que decide à luz da consciência de seus integrantes. Não é movido por
qualquer outro interesse senão o de bem servir à sociedade civil brasileira. Sua
credibilidade decorre dessa isenção. E ela há de pautar os trabalhos do próximo dia 8.
O impeachment é remédio amargo, drástico,
ministrado em casos extremos. Mas se o diagnóstico assim o indicar, deve ser visto com
naturalidade, como recurso institucional legítimo, a serviço do Estado Democrático de
Direito. A serviço da sociedade.
Se a instituição, no entanto, entender também
que não é caso de impeachment, não poderá ser acusada de omissão, ou de estar de
costas para a parte da sociedade que quer aquela solução. Prevalecerá a vontade
soberana da maioria.
Como presidente desta instituição, não me cabe
decidir solitariamente, nem induzi-la a decisões. Daí a cautela de minhas palavras, o
cuidado na emissão de conceitos.
A única garantia que posso dar é de que a Ordem
não se omitirá. Cumprirá o seu dever cívico e institucional, como sempre o fez. Quanto
a isso, o país saiba que pode contar conosco".
---------------- fim da matéria
Sucesso aos Conselheiros(as) Federais nos trabalhos deliberativos
naquela histórica reunião, são os votos deste Cidadão, que também é Advogado.
Sinceramente,
Carlos Perin Filho
OAB-SP 109.649
E.T.:
Ação
Popular do Mensalão (22/06/2005)
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