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Fato, ideologia e utopia para
fortalecer
novas redes sociais globais,
conforme a consciência da História de Você Cidadania |
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SERGIO PAULO ROUANET, em artigo sob o
título "Fato, ideologia, utopia", publicado no caderno mais!
do jornal Folha de São Paulo de 24.03.2002, p. 14-15, faz importantes distinções entre
os significados da sociedade do conhecimento, enquanto fato, ideologia
e utopia, com destaque para o seguinte parágrafo final, in verbis:
"(....)
Tanto a ideologia quanto a utopia partem dos fatos e os transfiguram.
Mas a transfiguração ideológica tem como objetivo ocultar a realidade ao passo que a
transfiguração utópica pretende, ao contrário, mostrar os contornos de uma nova e mais
autêntica realidade. Nesse sentido, a utopia tem um compromisso com a realidade que a
ideologia não tem. Por isso, feitas as contas, não é nem como descrição neutra nem
como ideologia que o conceito de sociedade do conhecimento pode ser considerado realista,
e sim como utopia."
A transformação daquela utópica sociedade do conhecimento em
realidade de fato requer, entre outras muitas coisas, tecnologia, conforme meio em
construção por GILSON SCHWARTZ, na mesma Folha de S. Paulo, agora na p. B-2, com o
artigo "Tecnologia pode fortalecer novas redes sociais globais", com destaque
para os seguintes parágrafos, in verbis:
"(....)
Na USP, o Instituto de Estudos Avançados abriu há dois anos um
concurso público para pesquisadores interessados em explorar esse universo.
Assim nasceu o projeto de construção de uma rede global de
comunicação e cooperação entre estudantes e trabalhadores, a Cidade do Conhecimento,
sob a direção acadêmica deste escriba.
As inscrições em projetos cooperativos da Cidade para alunos e
professores do ensino médio e para trabalhadores vão até o dia 31 e podem ser feitas
pelo site www.cidade.usp.br .
O objetivo dos cidadãos que se conectarem a essa rede é construir
modelos de produção compartilhada, cooperativa ou solidária de conhecimento. A melhor
universidade do país abre-se mais à sociedade civil organizada em redes.
(....)"
O conhecimento originário daquela utopia, além da tecnologia, requer
a consciência da História por Você Cidadania, em hermenêutica própria, conforme
referido por ERNILDO STEIN, em artigo dedicado ao filósofo HANS-GEORG GADAMER
(1900-2002), sob o título "A consciência da História", publicado no mesmo
caderno mais!, agora na p. 18-19, com destaque para os parágrafos finais, in
verbis:
"(....)
Virada hermenêutica Gadamer nos deu, com sua hermenêutica
filosófica, uma lição nova e definitiva: uma coisa é estabelecer uma práxis de
interpretação opaca como princípio, e outra coisa bem diferente é inserir a
interpretação num contexto - ou de caráter existencial, ou com as características do
acontecer da tradição na história do ser - em que interpretar permite ser compreendido
progressivamente como uma auto-compreensão de quem interpreta. E, de outro lado, a
hermenêutica filosófica nos ensina que o ser não pode ser compreendido em sua
totalidade, não podendo, assim, haver uma pretensão de totalidade da interpretação.
O filósofo produziu realmente uma virada hermenêutica do texto para a
auto-compreensão do intérprete que como tal autocompreensão somente se forma na
interpretação, não sendo, portanto, possível descrever o interpretar como produção
de um sujeito soberano.
Para encerrar essas considerações, convém ouvir o filósofo falando
de sua talvez mais surpreendente afirmação: Ser que pode ser compreendido é
linguagem.
É assim que sempre me esforcei, de minha parte, para guardar
para o espírito o limite imposto a toda experiência hermenêutica do sentido. Quando eu
escrevia: O ser acessível à compreensão é linguagem, importava ver, nessa
fórmula, que o que é não pode jamais ser compreendido em sua totalidade. Em tudo o que
uma linguagem desencadeia consigo mesma, ela remete sempre para além do anunciado como
tal."
A informação naqueles termos gerada, de fato, pode transformar a
ideologia do status quo, na medida da utopia transformada em conhecimento
interpretado, a retornar para informação de Você Cidadania, conforme as interfaces de
tradução das mídias (das informações científicas relevantes para a linguagem do
mundo da vida social).
Filosoficamente,
Carlos Perin Filho
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