DANIEL PIZA, em entrevista com SUZANA
HERCULANO-HOUZEL, publicada no jornal O ESTADO DE S. PAULO
de 03.03.2002, p. D-8, aborda questões relacionadas com o cérebro de Você Cidadania,
com destaque para a pergunta e resposta seguintes, in verbis:
"(....)
Estado - Como é escrever sobre ciência no Brasil, onde isso é
raro? Quais os riscos que seu trabalho corre em relatar experiências que muitas vezes
apenas apontam para uma explicação? Escrever é menos importante que
pesquisar?
Suzana - É um prazer muito grande constatar que um livro de
divulgação científica possa ser recebido com tanto entusiasmo pelo público brasileiro,
como está sendo o caso do O Cérebro Nosso de Cada Dia. É claro que o fato de
serem pouquíssimos os brasileiros que escrevem sobre ciências para o grande público só
faz aumentar a visibilidade da divulgação feita aqui. Por outro lado, é comum ouvir
que, por causa da própria carência de autores nacionais, o público brasileiro não
estaria preparado para ler, ou acostumado a ler, sobre ciência. Acho que isso é
besteira. O desafio é justamente encontrar a maneira de levar a ciência ao cidadão
comum, é encontrar o caminho para atingir a sua curiosidade, é despertar o lado
cientista que todo mundo tem, é mostrar que, no fundo, o leitor sempre achou
aquilo interessante, só não sabia que se chamava ciência. As frustrações
da ciência fazem parte do processo e portanto também são personagem importante da
divulgação. Meu objetivo é fazer o leitor participar da ciência, colocando-se no lugar
dos pesquisadores, dividindo surpresas, dúvidas e descobertas e quem sabe até sugerindo
experimentos. E acredito que os leitores ficam gratamente surpresos de perceberem que a
ciência está, sim, ao seu alcance. Ainda mais quando se trata da ciência do cérebro,
esse órgão que a mídia cuidou de envolver de mistério... A pesquisa vive da sua
comunicação, tanto entre cientistas quanto para o público."
Clara e precisa SUZANA HERCULANO-HOUZEL, pois a divulgação popular
sobre o conhecimento gerado pelas Neurociências é fundamental para o Direito de Você
Cidadania, bastando lembrar que o álcool, a nicotina e a poluição podem gerar danos no
tecido do seu cérebro, com repercussões médicas e/ou jurídicas individuais e/ou
coletivas, podendo também gerar uma neurose como efeito colateral...
Moral da história:
Ignorar causas e respectivos efeitos obsta a liberdade individual e/ou
coletiva.
Sinceramente,
Carlos Perin Filho
E.T.:
1º) A sugestão para navegação é - www.cerebronosso.bio.br -, para conferir várias
informações neuro-científicas em linguagem popular.
2º) "2.2. Desenvolvimento neurótico
Pode-se definir a neurose da seguinte maneira: distúrbio na
elaboração dos conflitos, que, pelo mecanismo do recalque, leva à formação de um
complexo inconsciente. Não se trata de traumas isolados, mas, quase sempre, de
situações de conflito dos primeiros anos de infância que são afastados da
consciência. Estes complexos exercem (para dizer as coisas em poucas palavras) sua ação
perturbadora a partir do inconsciente, pelo aparecimento de sintomas neuróticos. O que
representa a 'causa' dos conflitos não superados está, muitas vezes, num distúrbio da
relação emocional filho-pais (com frustração ou mimos demasiados), bem como na existência de impulsos, necessidades e normas contraditórias que levam a desacordo entre as exigências instintivas do indivíduo e as formas do comportamento impostas pela sociedade.
(....)"
(In: SPOERRI, T.H., Kompendium Der Psychiatrie, S. KARGER AG,
Basel, Suíça, trad. Samuel Penna Reis: MANUAL DE PSIQUIATRIA, Livraria Atheneu,
Rio de Janeiro, São Paulo: 1988, 8ª ed., p. 167, verde-vermelho meu)
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