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Você está falando de uma espécie de aceleracionismo
niilista? Isso é interessante, pois um dos grandes valores a agregar,
esse brilhante conceito da moda na intelligentsia em business
management, em tudo, hoje, é a rapidez. Estamos indo depressa para o nada?
Pode-se pensar assim mesmo. O objetivo é unicamente passarmos de
um grau de aceleração para outro maior, não há nenhuma razão ou ganho humano real
nisso.
Não é à toa que a Fórmula 1 se tornou um símbolo.
Correr cada vez mais rápido para nada. Trata-se de uma velocidade
vazia.
Você esteve no Brasil na época da morte do Senna, não? Isso ficou
marcado para você Como imagem do Brasil?
Sim! E lá vi, na capa de uma espécie de revista Time
brasileira, uma imagem em que o Senna era crucificado no chassi do carro que o matou. Acho
essa uma das críticas mais brilhantes a essa mania de aceleração da nossa cultura. Ele
representa de fato o sacrificado em nosso nome.
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