A pulsão de morte da concorrência
nas escolas de Você Cidadania

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ROBERT KURZ, em ensaio sob o título A pulsão de morte da concorrência, publicado em tradução de LUIZ REPA no caderno mais! do jornal Folha de S. Paulo de 26.5.2002, p. 14-15, oferece para reflexão algumas críticas sobre a violência nas escolas de Você Cidadania, com destaque para os parágrafos inicial e os dois finais, in verbis:

"Há alguns anos se tornou corrente no mundo ocidental a expressão ‘massacre em escolas’. As escolas, outrora locais da educação mais ou menos autoritária, do erotismo púbere e das travessuras juvenis inofensivas, entram mais e mais no campo de visão da esfera pública como palco de tragédias sangrentas. Certamente, relatos sobre alguns amoucos já são conhecidos também do passado. Mas cabe aos excessos sanguinolentos atuais uma qualidade própria e nova. Eles não se deixam encobrir por uma névoa cinza de generalidade antropológica. Ao contrário, trata-se inequivocamente de produtos específicos de nossa sociedade contemporânea.

(....)

O que Hannah Arendt disse sobre os pressupostos do totalitarismo político é hoje a principal tarefa oficial da escola, a saber: ‘Arrancar das mãos o interesse em si próprio’, para transformar as crianças em máquinas produtivas abstratas; mais precisamente, ‘empresários de si mesmos’, portanto sem nenhuma garantia. Essas crianças aprendem que elas precisam se sacrificar sobre o altar da valorização e ter ainda ‘prazer’ nisso.

Os alunos do primário já são entupidos com psicofármacos para que possam competir no ‘vai ou racha’. O resultado é uma psique perturbada de pura insociabilidade, para a qual a auto-afirmação e a autodestruição se tornaram idênticas. É o amouco que necessariamente vem à luz atrás do ‘automanager’ da pós-modernidade. E a democracia da economia de mercado chora lágrimas de crocodilo por suas crianças perdidas, que ela própria educa sistematicamente para serem monstros autistas."

Na mesma linha de reflexão, a revista NOVA ESCOLA - www.novaescola.com.br - de maio de 2002, publica matéria de capa sobre aquela violência, com destaque para A brutalidade que vem da mídia, de PETER LUCAS, e Violência na escola, violências da escola, de JULIO GROPPA AQUINO.

A violência escolar; a concorrência do mercado de trabalho; a carreira versus a vocação; as necessidades especiais de educação... tudo isso faz lembrar aquele filme dirigido por GUS VAN SANT, com a seguinte resenha, in verbis:

"GOOD WILL HUNTING, EUA, 1997
Dir.: GUS VAN SANT
ELENCO: MATT DAMON, ROBIN WILLIAMS, BEN AFFLECK
DURAÇÃO: 130 MIN.

O professor LAMBEAU deixa na lousa um obscuro teorema, como desafio aos seus alunos.
Em segredo, o faxineiro WILL HUNTING, deixa a resposta na lousa.
Prestes a ser preso, WILL é descoberto pelo professor, que o adota como pupilo. Mas percebendo o descontrole do rapaz, LAMBEAU pede ajuda a SEAN MCGUIRRE, um terapeuta que tentará desvendar a agressividade por trás da genialidade"

(In: caixinha de locação da BLOCKBUSTER VIDEO)

Sinceramente,

 

Carlos Perin Filho


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