"(....)
Do momento em que a ciência normal produziu uma ou mais anomalias
significativas, alguns cientistas podem começar a questionar os fundamentos da teoria
aceita no momento. Eles começam a achar que algo está errado com o conhecimento e
as crenças existentes (1977, p. 235). Surge uma desconfiança nas técnicas
utilizadas e uma sensação de insegurança profissional. Neste ponto, Kuhn diz que a
disciplina em questão está em crise (1970b, 1977).
A crise é gerada se o cientista levar a sério as anomalias e
perder a fé no paradigma: para Kuhn, a revolução copernicana aconteceu
porque problemas não resolvidos levaram Copérnico a perder a fé na teoria ptolomaica
(Kuhn, 1957).
A crise pode ser resolvida de três formas: as anomalias são
resolvidas sem grandes alterações na teoria ou no paradigma; as anomalias não
interferem na resolução de outros problemas e, por isso, podem ser deixadas de lado; a
teoria ou o paradigma em crise é substituído por outro capaz de resolver as anomalias.
A única explicação para o que irá acontecer parece ser
psicológica: se o cientista acredita no paradigma, ele tenta resolver a anomalia sem
alterá-lo, modificando, no máximo, alguma hipótese auxiliar. Se perdeu a
fé no paradigma, ele pode tentar construir outro paradigma capaz de resolver a
anomalia.
(....)" (In: O MÉTODO NAS CIÊNCIAS NATURAIS E SOCIAIS -
PESQUISA QUANTITATIVA E QUALITATIVA, Pioneira, 1999, 2 ed., p. 28)