Home Page
Excelentíssimo
Senhor Desembargador Federal
JOSÉ KALLAS
Egrégio Tribunal Regional Federal da Terceira Região
(TRF3-18/Jun/2001.119658-DOC/UTU6)
Deus não joga dados
Einstein
Autos nº 1999.61.00.044821-4
Apelação Cível - Ação Popular - Sexta Turma
Apte.: Carlos Perin Filho
Apda.: União Federal e Ot.
Carlos Perin Filho, residente na Internet, em
www.carlosperinfilho.net (sinta-se livre para navegar), nos autos do recurso supra,
venho, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar, em ilustração à
Apelação supra referida, as seguintes matérias e comentários.
A primeira ilustração, de STEPHEN HAWKING, explica em linguagem
popular o Princípio da Incerteza, in verbis:
"O sucesso das teorias científicas, especialmente da teoria da
gravidade de Newton, levou o cientista francês Marquês de Laplace, no início do século
19, a argumentar que o universo é totalmente determinista. Laplace sugeriu que deve haver
um conjunto de leis científicas que nos permitiriam prever tudo que vai acontecer no
universo, desde que conhecêssemos o estado completo do universo num momento dado. Por
exemplo, se conhecêssemos as posições e velocidades do Sol e dos planetas num momento
dado, poderíamos usar as leis de Newton para calcular o estado do sistema solar em
qualquer outro momento dado. O determinismo parecia bastante evidente nesse caso, mas
Laplace foi além: pressupôs que existem leis semelhantes que regem tudo o mais,
incluindo o comportamento humano.
A doutrina do determinismo científico encontrou resistência acentuada
por parte de muitas pessoas, para quem ela infrigia a liberdade de Deus de intervir no
mundo, mas se manteve como a hipótese científica mais amplamente aceita até o início
de nosso século. Uma das primeiras indicações de que ela teria que ser abandonada veio
quando cálculos efetuados pelos cientistas britânicos Lord Raleigh e Sir James Jeans
sugeriram que um objeto, ou corpo, quente, tal como uma estrela, deve irradiar energia
numa taxa infinita. Segundo as leis em que se acreditava na época, um corpo quente
deveria emitir ondas eletromagnéticas (tais como ondas de rádio, luz visível ou raios
X) igualmente em todas as frequências. Por exemplo, um corpo quente deveria irradiar a
mesma quantidade de energia em ondas com frequências entre um e dois trilhões de ondas
por segundo. Como o número de ondas por segundo é ilimitado, isso significaria que a
energia total irradiada seria infinita.
Para poder evitar esse resultado, evidentemente absurdo, o cientista
alemão Max Planck sugeriu, em 1900, que a luz, os raios X e outras ondas não poderiam
ser emitidas numa taxa arbitrária, mas apenas em determinados pacotes aos quais deu o
nome de quanta. Além disso, cada quantum possuía determinada quantidade de
energia que era maior quanto mais alta fosse a frequência das ondas, de modo que, numa
frequência suficientemente alta, a emissão de um único quantum exigiria mais
energia do que havia. Assim, a radiação em altas frequências seria reduzida, e a taxa
em que o corpo perdesse energia seria finita.
A hipótese quântica explicava muito bem a taxa observada de
emissão de radiação de corpos quentes, mas suas implicações para o determinismo só
foram percebidas em 1926, quando outro cientista alemão Werner Heisenberg, formulou sua
famosa teoria da incerteza. Para prever a posição e a velocidade futuras de uma
partícula, é preciso medir sua posição e velocidade atuais com precisão. A maneira
mais evidente de fazê-lo é projetar luz sobre a partícula (Fig. 4.2). Algumas das ondas
de luz serão espalhadas pela partícula, indicando sua posição. Mas não será
possível determinar a posição da partícula de forma mais precisa do que a distância
entre as cristas das ondas de luz, de modo que é preciso utilizar luz de comprimento de
onda curto para medir a posição da partícula com precisão. Acontece que, de acordo com
a hipótese quântica de Planck, não se pode utilizar uma quantidade de luz
arbitrariamente pequena; é preciso usar pelo menos um quantum. Esse quantum
vai perturbar a partícula e modificar sua velocidade de maneira imprevisível. além
disso, quanto mais precisa for a medição da posição, mais curto é o comprimento de
onda da luz necessária e, portanto, maior a energia de um único quantum. Assim, a
velocidade da partícula será ainda mais perturbada. Em outras palavras: quanto mais
precisamente se procura medir a posição da partícula, menos precisamente se consegue
medir sua velocidade e vice-versa. Heisenberg demonstrou que a incerteza na posição da
partícula, multiplicada pela incerteza quanto à sua velocidade, multiplicada pela massa
da partícula, nunca pode ser inferior a uma determinada quantidade, que é conhecida como
a constante de Planck (Fig. 4.3). Ademais, esse limite não depende de como se procura
medir a posição ou a velocidade da partícula, nem do tipo de partícula em questão: o
princípio da incerteza de Heisenberg é uma propriedade fundamental do mundo, da qual
não se pode fugir.
O princípio da incerteza teve profundas implicações para nossa
percepção do mundo. Mesmo hoje, mais de 50 anos mais tarde, elas ainda não foram
apreciadas em sua totalidade por muitos filósofos e continuam dando lugar a muita
controvérsia. O princípio da incerteza assinalou o fim do sonho de Laplace de uma teoria
da ciência, um modelo do universo que fosse totalmente determinístico. Afinal, se nem
sequer podemos medir o estado atual do universo com precisão, certamente não podemos
traçar uma previsão precisa dos acontecimentos futuros! Poderíamos, mesmo assim,
imaginar que existe um conjunto de leis que determina os acontecimentos completamente para
algum ser sobrenatural, capaz de observar o estado atual do universo sem perturbá-lo. Mas
esse tipo de modelo do universo não é de grande interesse para nós, comuns mortais.
Parece melhor empregar o princípio da economia conhecido como navalha de Accam e cortar
fora todos os aspectos da teoria que não podem ser observados. Essa abordagem levou
Heisenberg, Erwin Schrödinger e Paul Dirac, na década de 1920, a reformular a mecânica
numa nova teoria conhecida como mecânica quântica, baseada no princípio da incerteza.
Nessa teoria, as partículas não mais possuíam posições e velocidades separadas, bem
definidas e que não podiam ser observadas. Em lugar disso, possuíam um estado quântico
- uma combinação de posição e velocidade.
De modo geral, a mecânica quântica não prevê um resultado definido
único para uma observação. Em lugar disso, prevê uma série de diferentes resultados
possíveis e nos informa qual é o grau de probabilidade de cada um deles. Ou seja, se
realizássemos a mesma medição em grande número de sistemas semelhantes, cada um dos
quais havia começado do mesmo modo, constataríamos que o resultado da medição seria A
em determinado número de caso, B num número diferente de casos e assim por
diante. Poderíamos prever o número aproximado de vezes em que o resultado daria A
ou B, mas não poderíamos prever o resultado específico de uma medição
individual. Assim, a mecânica quântica introduziu um elemento inevitável de
imprevisibilidade ou casualidade na ciência. Einstein contestou isso intensamente, apesar
do papel importante que havia exercido no desenvolvimento dessas idéias. Einstein recebeu
o prêmio Nobel por sua contribuição à teoria quântica. No entanto, Einstein
nunca aceitou a idéia de que o universo fosse regido pelo acaso; seu sentimento a
respeito disso foi resumido em sua famosa afirmação: Deus não joga dados.
(....)"
(In: BREVE HISTÓRIA DO TEMPO ILUSTRADA - tradução CLARA
ALLAIN, edição atualizada, revista e ampliada, Editora Albert Einstein Ltda., Curitiba
PR Brasil: 1997, p. 68/72)
A segunda ilustração, de ROBERT KOENIG, da Science Now, publicada no
jornal Folha de S. Paulo, em 14/06/2001, p. A-11, informa que a maior instituição de
pesquisa da Ré ALEMANHA, a MAX PLANCK SOCIETY, herdeira da KAISER WILHELM SOCIETY que
funcionou durante o nazismo, reconheceu a participação de Cientistas daqueles quadros em
crimes daquela Administração Pública Nazista, em notável violação de normas éticas
e jurídicas.
A terceira ilustração, obtida por navegação deste Cidadão pela
Internet, em - www.mpg.de/news01/news0110.htm
- é um comunicado para mídia emitido pela MAX PLANCK SOCIETY relativa à ilustração
anterior, com as seguintes explicações, em tradução livre:
1. A Sociedade Max Planck foi fundada em 1948, como uma nova
organização de pesquisas em uma ALEMANHA democrática. Por diversas razões de fato e de
direito tornou-se herdeira da Sociedade Kaiser Wilhelm, fundada em 1911.
2. Como uma organização de ponta da pesquisa alemã, a Sociedade Max
Planck fará o máximo para contribuir com os esclarecimentos científicos sobre a
história da Sociedade Kaiser Wilhelm durante o regime nacional socialista alemão.
3. Nas últimas décadas, a Sociedade Max Planck promoveu uma série de
iniciativas destinadas a esclarecer o papel que sua predecessora desempenhou naquele
regime. Em 1997, o presidente da Sociedade Max Planck, Hubert Markl, organizou uma
comissão independente de pesquisa, visando uma cuidadoso e detalhado levantamento de
informação relativo aquele período histórico. As pessoas que trabalham para comissão
gozam de livre acesso aos documentos e arquivos em pose da Sociedade Max Planck.
4. Historiadores(as) envolvidos(as) nas pesquisas sobre "A
história da Sociedade Kaiser Wilhelm durante o Nacional Socialismo" recentemente
apresentaram evidências irrefutáveis que provam a participação de Diretores e
Empregados(as) da Sociedade Kaiser Wilhelm em diversos experimentos coordenados de
Biomedicina, e por vezes participaram ativamente em crimes nazistas. De acordo com as
evidências históricas, a administração da Sociedade Kaiser Wilhelm, quer sabendo ou
não, tolerou a atuação de Cientistas fora de qualquer limite moral e ativamente tomou
partido a favor da política nazista.
5. Alguns/mas Cientistas da Kaiser Wilhelm aproveitaram a oportunidade
para conduzir pesquisas moralmente ilimitadas em instituições de coerção nazistas,
como em clínicas psiquiátricas ou no campo de concentração de Auschwitz. Entre
eles(as) estava Otmar von Verschuer que, começando em 1942, liderou projetos conhecidos
como pesquisa de gêmeos no Instituto de Antropologia, Genética Humana e Eugenia Kaiser
Wilhelm em Berlim. Josef Mengele, que atuava em campos de concentração, não era
empregado ou agente da Sociedade Kaiser Wilhelm. Ele era um "peixe" de Otmar vor
Verschuers, sob proteção da qual obteve seu grau de Doutor, em 1938, na
Universidade de Frankfurt. Mesmo depois, ambos mantiveram contato. Hoje é certo afirmar
que von Verschuer sabia dos crimes que estavam sendo cometidos em Auschwitz e que - junto
com seus empregados(as) e colegas - usou-os para seus propósitos.
6. Por ocasião do simpósio "Ciências Biomédicas e
Experimentação Humana nos Institutos Kaiser Wilhelm - A Conexão Auschwitz", em
07/06/2001, Berlim, Alemanha, o presidente da Sociedade Max Planck, HUBERT MARKL,
reconheceu que a Sociedade Max Planck era historicamente responsável pela culpa
imputável àqueles(as) Cientistas, pedindo perdão pelos sofrimentos das vítimas dos
crimes cometidos em nome da Ciência, bem como pediu desculpas pelas limitadas ações
adotadas pela Sociedade Max Planck visando descobrir a história da Sociedade Kaiser
Wilhelm durante o Nazismo, e por conseqüência assumir sua responsabilidade histórica
com atraso.
7. Em nome da Sociedade Max Planck, presidente Markl declarou que cada
ramo da Ciência necessita ter seus limites éticos e legais, bem como advertiu os(as)
Cientistas para nunca esquecerem que não há objetivos científicos que possam ser vistos
como tão importantes e de tão alta prioridade que justifiquem o desrespeito à dignidade
e aos direitos inalienáveis do Ser Humano.
A quarta ilustração, de G. RICHTER [GMD - Gesellschaft für
Mathematik und Datenverarbeitung, Sankt Augustin] e CARLOS A. HEUSER [UFRGS - Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre], é uma informação científica sobre
pesquisa cooperativa realizada entre os parceiros CNPq e GMD no âmbito do Acordo Geral de
Cooperação nos setores da pesquisa científica e do desenvolvimento, assinado em Bonn,
em 9 de junho de 1969, com destaque para os seguintes parágrafos, in verbis:
"A base temática e teórica do projeto de cooperação FORTIS
(Formal Techniques for the Specification and Analysis of Information Systems) é
apresentada usando conceitos de fácil compreensão. O ponto de partida da apresentação
são sistemas de informação, compreendidos aqui como entidades técnico-organizacionais,
cujo comportamento interno e externo se baseia no tratamento regrado de informações.
Será então enfatizada a descrição formal destes sistemas com base na teoria de redes.
Sobre um exemplo simples, será explicada a modelagem de propriedades estáticas e
dinâmicas de sistemas. Finalmente, são ressaltados os pontos centrais da cooperação
ocorrida, bem como esboçadas perspectivas de cooperação futura."
(In: REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - REPÚBLICA FEDERAL DA
ALEMANHA - 20 ANOS COOPERAÇÃO CIENTÍFICA E TENOLÓGICA BRASIL - REPÚBLICA FEDERAL DA
ALEMANHA, 1991 Forschungszentrum Jülich mbH, ISBN 3-89336-071-9, p. 307)
Em paraconsistente combinação das ilustrações supra referidas, bem
como das figuras de modelagem de sistemas exemplificadas na quarta ilustração (ora
referidas simbolicamente por # como sendo o quadrado e * como sendo a circunferência,
temos as seguintes possibilidades a desenvolver em instrumentalidade substancial
nesta actio popularis:
Figura 1 . Sistema das Injustiças Históricas
# ___________________________ * __________________________ #
Cidadania
História
Cidadania
Nazi-Fasci-Ismo
Nazi-Fasci-Ismo
Danificada
Beneficiada
Da figura 1 para a fugura 2, temos o refinamento de um hipotético
modelo de especificação e análise de sistemas de informação para administração
global da Justiça às injustiças históricas objeto desta actio popularis, com as
indenizações e compensações a pagar e a receber no lugar, respectivamente, das
"vagas livres" e das "pessoas livres", bem como do fechamento de
acordos e da homologação e execução dos acordos no lugar, respectivamente, de
"fechar contratos" e "rescindir contratos", sendo os "contratos
em vigor" transpostos para "acordos em vigor". Graficamente:
Fechar Acordos #
Indenizações/Compensações
Acordos/Indenizações Indenizações /
a pagar *
em fechamento *
*
Compensações
a receber
Homologar /
Executar Acordos #
Da figura 2 para a figura 3 temos o refinamento do modelo global, com o
conhecimento judicial dos fatos, a declaração de direitos e deveres relativos aos
eventos de nulidades administrativas históricas complexas, etc. ou, graficamente em
progressão de procedimentos simbolicamente referidos por "->":
# conhecimento judicial dos fatos históricos ->
* declaração de direitos e deveres referentes ao Nazi - Fasci - Ismos
->
# oferecimento público dos direitos e deveres, em ambiente lógico
jurídico operacional no qual gravita a actio popularis ->
* direitos/deveres disponíveis para Cidadania Nazi - Fasci -
Danificada/Beneficiada ->
# fechar acordos entre Cidadania Nazi - Fasci - Danificada ->
* acordos em fechamento ->
# homologar e executar acordos ->
* direitos e deveres liquidados, com o arquivamento dos autos da actio
popularis até eventual descoberta de novos fatos juridicamente relevantes ao contexto
judicialmente conhecido ou a conhecer.
As demais figuras podem ser futuramente adaptadas ao caso concreto
desta ou daquela pessoa física e/ou jurídica, de maneira oportuna e conveniente para
administração da Justiça.
Do ilustrado, requeiro urbi et orbi o regular andamento desta appellatio.
São Paulo, 18 de junho de 2001.
179º da Independência e 113º da República.
Carlos Perin Filho
OAB-SP 109.649
E.T.: Nome e assinaturas não conferem frente aos documentos
apresentados com exordial em função da reconfiguração de direito em andamento,
nos termos da Ação Popular nº 98.0050468-0, 11ª Vara Federal de São Paulo, ora em
grau de Apelação, sob a relatoria do Desembargador Federal ANDRADE MARTINS, em autos sob
nº 2000.03.99.030541-5 - www.trf3.gov.br -
Home Page
|