EDGAR MORIN, Cruzada de Heróis e/ou Heroínas
Anônimos(as) pela Terra e Você Cidadania

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EDGAR MORIN, por entrevista concedida à NAPOLEÃO SABOIA, publicada no CADERNO 2/CULTURA, do jornal O ESTADO DE S. PAULO de 04.02.2001, p. D-10 e D-11, oferece interessantes respostas não convencionais para várias perguntas, com destaque para as duas terminais, in verbis:

"(....)

Estado - De que valores e exemplos os jovens podem se orgulhar hoje?

Morin - Os grandes motivos de exaltação nacional deixaram de existir, salvo no futebol com seus campeões que são tomados por heróis, como Ronaldinho, Zidane. Heróis modestos. Há os heróis da mídia, mas há também - e esse é o paradoxo do mundo da imagem - os heróis anônimos, sem cara, que se consagram às obras humanitárias e se acham sob a égide de instituições como Anistia Internacional, Médicos Sem Fronteiras, Cruz Vermelha...

O admirável aí é que você se depara com heróis impessoais, nenhum deles deseja ocupar a cena e virar um personagem, isto, em contraste flagrante com o egocentrismo e o narcisismo galopantes nas sociedades atuais. Trata-se de pessoas imbuídas de autênticos sentimentos cívicos. Temos que aplaudir esses cidadãos do mundo que se dão por missão lutar contra as injustiças e misérias mais gritantes. Eis do que deveríamos ser orgulhosos - da capacidade humana de resistir à crueldade do mundo.

Estado - O sr. acredita portanto que a mística das grandes causas e ideais sobreviverá ao aparente declínio das ideologias?

Morin - Se você considera a ameaça de catástrofe contida na multiplicação das armas nucleares; se leva em conta o risco de catástrofe ecológica embutido na degradação crescente da biosfera e o fato de que o recrudescimento das antigas doenças como tuberculose - que eram tidas como erradicadas - se acompanha agora da irrupção de novas enfermidades como a da vaca louca, da aids, de vírus desconhecidos; se avalia a expansão das máfias, dos cartéis da droga, do crime organizado no quadro de uma economia mundial desregulada e pervertida pela mais desenfreada especulação, você verá que uma grande causa convoca, faz apelo a todo o talento pedagógico da comunidade humana - a causa de civilizar e salvar o planeta."

Tudo isso porque Você Cidadania precisa cada vez mais e melhor informação e/ou conhecimento para aumentar a quantidade e qualidade de vida, aproveitando ao máximo cada recurso natural e/ou artificial para aquela finalidade, tudo isso em um hipercontexto ambiental planetário e cósmico que permitam seu desenvolvimento bio-psicológico e ético-filosófico em liberdade crescente, na medida lógica paraconsistente da responsabilidade assumida de ser o seu dever.

Sinceramente,

 

Carlos Perin Filho


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