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Psicanálise, Sexualidade, 2001 e
Você Cidadania |
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RENATO MEZAN, em artigo publicado no
caderno mais! do jornal Folha de S. Paulo de 31/12/2000, p. 19, oferece uma abordagem
pragmática para o tema Psicanálise, com destaque para o resumo, in verbis:
"Em suma: o futuro da psicanálise está, em grande medida, nas
mãos dos analistas e dependerá do modo pelo qual soubermos fazer frente aos desafios
clínicos e teóricos que a vida social e nossos pacientes nos forem colocando. Para isso
dispomos do método analítico, mas também de nossa própria inventividade e da
capacidade (que se espera tenha sido estimulada pela análise pessoal) de não aderirmos,
como cracas ao casco de um navio, ao já sabido, ao já conhecido e ao já provado. Como,
aliás, fez em seu tempo um certo Sigmund Freud."
MARIA RITA KEHL, em artigo publicado na mesma mídia, p. 22, oferece
uma abordagem também pragmática em relação ao tema "Sexualidade", com
destaque para os parágrafos inicial e final, in verbis:
"Quanto mais tentamos representá-lo em imagens, menos digno de
crédito ele nos parece. Não me refiro a Deus, mas ao sexo. Se ainda sobrevive algo
parecido com uma arte erótica neste final de milênio, a tarefa das próximas gerações
há de ser a de tentar desembaraçá-la do excesso de imagens que a indústria cultural
lhe consagrou nas últimas décadas.(....)
(....)
Enquanto isso, quem sabe os homossexuais, cuja prática sexual ainda
não está condenada a plena visibilidade, possam continuar se encarregando de inventar
uma arte erótica."
Pergunta: O que os dois artigos guardam em comum?
Resposta: A resposta é dada por outro parágrafo do artigo de MARIA
RITA KEHL, in verbis:
"(....)
Hoje, o ar das cidades está saturado de imagens que tentam garantir
uma existência concreta para os (misteriosos) objetos do desejo sexual. Não era bem isso
que Freud tinha em mente ao afirmar que a sexualidade estava na origem das formações
inconscientes, participando assim de nossos atos e sintomas, sonhos e fantasias diurnas e
até mesmo, por uma interessante manobra de investimento-e-renúncia, de nossa
consciência moral. É porque o objeto primordial da completude e do gozo é um objeto
desde sempre perdido, e suas representações, recalcadas, que o ser humano não cessa de
buscar (re)encontrá-lo em todas as coisas, produzindo às vezes a ilusão de vê-lo
brilhar, semi-oculto, na imagem (ou na voz, ou no olhar...) de um outro pobre-diabo que se
transforma então, sem saber bem por que, no ser amado.
(....)"
Como bem articulam RENATO MEZAN e MARIA RITA KEHL, Você Cidadania é
tudo isso e muito mais, desafiando a genialidade dos(as) Psicólogos(as), Sexólogos(as),
Publicitários(as) e demandando o uso intensivo das novas tecnologias para satisfazer suas
vontades, de fato e de direito, por parte dos(as) Advogados(as).
Sexualmente (ver E.T.),
Carlos Perin Filho
E.T.:
"sexo As dificuldades que a tradição ocidental tem tido
com o desejo sexual têm uma formulação espetacular nas palavras de * Kant: Tomado
em si, [ o amor sexual ] é uma degradação da natureza humana, pois mal uma pessoa se
torne objeto do apetite de outra, todas as motivações de relacionamento moral param de
funcionar, porque enquanto objeto de apetite por parte de outra, uma pessoa torna-se uma
coisa e pode ser tratada e usada como tal por todos (Lições sobre ética).
Kant parece estar descrevendo um estupro em grupo em vez do amor sexual, embora ache que a
única e frágil fuga ao destino de se ser jogado fora como se joga um limão que
foi sugado é uma relação contratual baseada no casamento, apesar de ele próprio
não ter experimentado essa solução (nem o sexo, provavelmente). Em * Platão, o desejo
sexual é um bem, embora seja apenas o primeiro passo numa progressão para a perfeição
(ver amor; beleza; Dante). Os movimentos culturais através dos quais a perspectiva
platônica degenerou no * calvinismo de Kant incluem a repugnância crescente em relação
a uma existência meramente material, por oposição à existência espiritual, e a
convicção de são Paulo e de santo * Agostinho de que o * pecado original se encontra de
algum modo associado ao desejo sexual (ver concupiscência).
* Hobbes exprimiu uma visão mais otimista do assunto do que Kant:
O apetite a que os homens chamam luxúria... é um prazer sensual, mas não
é apenas isso; existe nele também um deleite da mente uma vez que consiste em dois
apetites juntos, o de agradar e o de ser agradado. E o deleite que os homens têm em
deleitar não é sensual, mas um prazer ou alegria da mente que consiste em imaginar o
poder que têm de agradar (Natureza humana, IX, 10). Nesta área, as
profecias tendem a se * auto-realizar: é previsível que, se nos colocarmos ao lado de
Kant, nossas relações de caráter sexual se tornem muito piores do que se compreendermos
Hobbes. O poder da tradição do * pecado é ainda visível no número de obras, a maior
parte das vezes segundo uma perspectiva * feminista, que levam muito a sério a posição
de Kant, em oposição às abordagens derivadas de Platão ou de Hobbes." (SIMON
BLACKBURN, sob consultoria de DANILO MARCONDES, in DICIONÁRIO OXFORD DE FILOSOFIA,
www.zahar.com.br - 1997, p. 357/8)
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