EVANDRO NASCIMENTO, em entrevista com JACQUES DERRIDA, no caderno mais! do jornal Folha de S. Paulo de 27/05/2001, p. 12/16, oferece elementos para reflexão sobre a solidariedade - ou não - dos seres vivos no planeta Terra, com destaque para a seguinte pergunta e resposta, in verbis:

"(....)

Existe um valor moral no acontecimento de ‘desconstrução’, em outras palavras, a questão do bem e do mal pode ainda ser colocada em relação ao que acontece?

Nesse caso, só posso remeter ao que, momentos atrás, dizia da ética. A desconstrução não dispõe de uma tábua de valores morais. A desconstrução não é uma moral. Não é um dever moral. Acontece (‘Ça arrive’). Acontece por meio de aporias, de dificuldades, de coisas impensáveis. As desconstruções não são temas que vêm do intercâmbio moral, em outras palavras, por um julgamento moral. Elas não têm mais uma moral. Em princípio, não são nem colocam uma moral.

(....)"

Pergunta: O que Você Cidadania tem com as ‘desconstruções’?

Resposta: As ‘desconstruções’ parecem ser uma categoria filosófica de uso restrito aos meios acadêmicos especializados, mas pode ser também uma categoria popular de início de crítica de Você Cidadania para com o mundo em que experimenta a vida no planeta Terra, inclusive para auto-conhecimento. Ao desconstruir a realidade como ela é apresentada pela Mídia de Massa ou mesmo em sua própria concepção, Você Cidadania pode livremente questionar quais são os valores que estão em jogo naquela dada realidade, bem como propor novos ou mesmo reinterpretá-los, à luz de considerações mais e/ou melhor elaboradas sobre as suas circunstâncias.

Nesse sentido as desconstruções não teriam conteúdos próprios, sendo uma pura forma, como uma elaboração de lógica paraconsistente, que pode assumir valores contraditórios, num processo de (re)conhecimento.

Sinceramente,

Carlos Perin Filho

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