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Petição na Ação
Popular da Biossegurança |
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Excelentíssimo(a) Senhor(a)
Doutor(a) Juiz(a) Federal da 12ª Vara da Seção da Justiça Federal de São Paulo
(30.03.2000/003560)
Processo nº 98.0051804-5
Ação Popular
Autor: Carlos Perin Filho
Réus: União Federal
Carlos Perin Filho, nos autos
da ação em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., apresentar as
seguintes ilustrações e comentários para esta Ação Popular:
1º) Das agências internacionais de notícias, por publicação do
jornal Folha de São Paulo de 28/03/2000, pg. 1-18, com destaque para os seguintes
parágrafos, verbis:
"Biotecnologia - Quatro participantes do protesto foram
presos
Manifestação em Boston reúne 2.500 contra os transgênicos
...
A manifestação ocorreu no local onde se realiza a Bio2000,
considerada uma das maiores conferências de biotecnologia dos EUA, com 8.000
participantes reunidos por cinco dias.
...
O protesto, considerado a maior demonstração dos EUA contra alimentos
geneticamente modificados, teve um início pacífico, anteontem.(...)
...
Vários participantes corriam pelas ruas vestidos de branco como
cientistas malucos, carregando seringas gigantes. Outros batiam os braços, simbolizando
as borboletas monarca que um estudo mostrou serem afetadas pelo milho geneticamente
modificado, e entoavam o refrão "nossos genes não estão à venda".
..."
2º) Matéria de SERGIO VILLAS BOAS, no jornal Gazeta Mercantil,
caderno Fim de Semana, de 10/11/12/03/2000, da qual os seguintes parágrafos são
transcritos:
"Equações do conhecimento
Entrada do Brasil no mapa mundial da biotecnologia reabre debate
sobre participação privada na pesquisa
A conclusão no mês passado da primeira etapa do Projeto Genoma
brasileiro, organizado, financiado (em grande parte) e coordenado pela Fapesp (Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), colocou o Brasil no mapa mundial da
biotecnologia, um dos setores que mais cresceram nos Estados Unidos nesta década. (...)
...
Mas a repercussão da decodificação do genoma da "Xylella",
além de novos flancos de inserção do Brasil na comunidade científica internacional,
veio reacender o debate sobre a parcela de responsabilidade que cabe a governos, empresas
e institutos no processo de geração de riqueza a partir do conhecimento. (...)
...
Num país como o Brasil, em que saúde, educação, transporte,
infra-estrutura, etc., não devem - ou não deveriam - ficar fora da lista de prioridades,
como elevar o orçamento para a C&T como um todo? (...)
...
A iniciativa privada, que assumiu o controle de várias atividades
antes sob o controle de várias atividades antes sob monopólio estatal, não assumiu
ainda uma posição enérgica em relação à pesquisa. (...)
...
(...) A Lei nº 8.661, de 1993, por exemplo, autoriza empresas
industriais e agropecuárias a abater parte do Imposto de renda (IR) e reduzir o Imposto
Sobre Produtos Industrializados (IPI) se estiverem executando algum plano de
desenvolvimento e pesquisa. Em alguns casos, os benefícios fiscais podem significar uma
economia de 50% do custo do projeto.
As leis estão à disposição, mas têm sido pouco exploradas pelas
empresas nacionais. Pesquisa conjunta da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do
MCT em 1997 comprovou que apenas 6% das grandes empresas utilizam esses incentivos
fiscais. Entre as micro e pequenas, somente 2% o solicitam. (...)
...
O Brasil possui um parque científico significativo, mesmo com pouco
dinheiro. "Produzimos hoje cerca de 1,2% da ciência mundial dita de qualidade.
Crescemos quase 30 vezes num intervalo de 26 anos", orgulha-se Glaci Zancan, da SBPC.
Significa que foram publicados 9 mil artigos em 1999, contra apenas 375 artigos em 1973.
(...)
3º) Matéria de ELLEN LICKING da Business Week, por tradução e
publicação do jornal Gazeta Mercantil de 24/25/26/03/2000, pg. 8, caderno Fim de Semana,
com destaque para os seguintes parágrafos, verbis:
"Novos medicamentos à vista
Conclusão em breve do Projeto Genoma Humano deverá revalorizar
as ações de empresas de biotecnologia
...
Esta não é uma história de sucesso imediato. Os pesquisadores
consumiram mais de 20 anos executando o trabalho de base que propiciou a chegada dos
anticorpos ao mercado. Os primeiros monoclínicos foram produzidos em ratos porque isto
era comparativamente fácil de fazer. Mas aqueles medicamentos desencadearam uma reação
de rejeição por parte do sistema imunológico dos pacientes, que os identificou como
proteínas estranhas. Como resultado, os pacientes que os receberam com freqüência
sofreram reações de imunidade que colocam a vida em risco. Sucessivamente, os anticorpos
não conseguiam obter aprovação da FDA. No início dos anos 90, os "projéteis
mágicos" se converteram em fracassos mágicos.
De volta ao laboratório, os cientistas submeteram os anticorpos a nova
engenharia para torná-los mais familiares substituindo pelo menos metade do DNA do rato
com DNA de humanos. O primeiro destes "anticorpos humanizados" a chegar ao
mercado, em 1994, foi o ReoPro, da Centocor Inc., medicamento anticoagulante que reduz o
risco de morte durante a operação de angioplastia coronária em 57%. O medicamento
ReoPro, metade rato, metade humano, é um anticorpo de baixa tecnologia pelos padrões
atuais. O Herceptin, da Genentech, chegou ao mercado quatro anos depois, e é 5% rato, 95%
humano. Versões aperfeiçoadas estão a caminho.
...
Quando a seqüência do genoma humano estiver completa, os cientistas
terão centenas de milhares de novos alvos que podem usar para criar novos medicamentos.
Como estes medicamentos estarão baseados em informação biológica mais completa, os
cientistas pressupõem que eles serão menos tóxicos e mais eficientes. A segurança
também vai aumentar quando se tornar possível personalizar o medicamento. Os cientistas
estão tentando combinar as variações genéticas de um indivíduo com a habilidade dele
ou dela para reagir a um determinado medicamento. Esta espécie de conhecimento vai
permitir que os médicos personalizem terapias pelas quais os pacientes receberão somente
aqueles medicamentos que serão úteis.
...
Se há uma lição a ser aprendida dos anticorpos monoclonais, é que
muitos dos primeiros medicamentos genômicos têm a possibilidade de falhar. Estes
primeiros produtos não vão se beneficiar com os novos procedimentos de testes, rigorosos
e inteligentes, que são concebidos diariamente. Mas alguns deles serão aprovados, e as
companhias produtoras podem se tornar gigantes farmacêuticas por méritos próprios. Uma
coisa é certa: A ciência vai avançar. A história da biotecnologia está apenas no
início."
Vale aqui lembrar o conceito de Segurança Pública, verbis:
"SEGURANÇA PÚBLICA. Dir. Polit. Dever que o Estado se
impõe, de criar condições para proporcionar ao indivíduo garantias de sua existência
na comunidade, livre de ameaças ou restrições arbitrárias à sua vida, liberdade e
bem-estar. CF. art. 144." (in DICIONÁRIO JURÍDICO - ACADEMIA BRASILEIRA
DE LETAS JURÍDICAS - Forense, 2ª ed. 1991, p. 512)
Em sede de Segurança Pública, espécie Biossegurança - epidemias,
por cinematográfico exemplo - vale notar que a Administração Pública, enquanto
prestadora de serviços de segurança, também deve estar devidamente preparada para saber
o que é um OGM frente à um não OGMs, sob pena de descumprir o determinado no
Título V da Constituição Federal, sem esperar a ciência virar tecnologia ou
tragicômicos "Franquensteins", "frankenflocos",
"tomates-assassinos", etc.
São Paulo, 29 de março de 2000.
Carlos Perin Filho
OAB-SP 109.649
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