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Projeto de Lei sobre a Língua
Portuguesa e Você Cidadania |
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A Mídia de Massa do planeta Terra reporta
tramitar na casa parlamentar brasileira um projeto de Lei para restringir o uso de
expressões de línguas terrestres diferentes da portuguesa, seja por mídia, eventos
públicos e/ou comércio.
Exemplos daquelas matérias estão no jornal Folha de S. Paulo, de
10/08/2000, p. C-4, com destaque para a opinião de PASQUALE CIPRO NETO, sob o título
"O buraco é mais embaixo", com destaque para o seguinte parágrafo, in verbis:
"(....)
O ideal seria que a própria sociedade, culturalmente forte,
ridicularizasse estupidezes como a colocação em lugares públicos da saboneteira em que
se lê push em vez de pressione ou aperte, ou o
Memorial da América Latina, pura macaquice americanóide.
Memorial, em português, não corresponde ao memorial do inglês.
Se alguém duvidar, leia Memorial de Aires, de Machado, ou Memorial do
Convento, de saramago.
(....)"
Outra amostra está no jornal O ESTADO DE S. PAULO, de 1308/2000, p.
A-3, sob o título "Nonsense chauvinista", com destaque para os seguintes
parágrafos, in verbis:
"(....)
Cerca de 50% da Humanidade fala apenas 5 idiomas: chinês, russo,
inglês, espanhol e hindi. Juntando-se o português e mais uma centena de línguas,
chega-se ao número de idiomas falados por 95% da Humanidade. Como explica o lingüista
Louis-Jean Calvet, as línguas nascem, evoluem e morrem. Não há razão para que
essa história pare: o futuro deve trazer cenários do mesmo tipo.
(....)"
Pergunta: Como reconhecer e superar a paraconsistente situação de
fato e de direito?
Resposta: A resposta é complexa, servindo de pista a resenha
literária de HENRIQUE FLEMING ao livro de RICHARD PHILLIPS FEYNMAN traduzido por CLÁUDIA
BENTES DAVID sob o título "Deve ser Brincadeira, Sr. Feynmam!", com destaque
para os seguintes parágrafos, in verbis:
"(....)
Esteve no Brasil várias vezes, uma delas por cerca de um ano. Há
menção dessa experiência no capítulo O Americano, Outra Vez. Parte do que
ele disse do Brasil desceu mal, causando alguma indignação quando de seu aparecimento
ou, mais precisamente, uma grande indignação por parte de alguns. Voltarei ao assunto.
Falava português com clareza, embora o entendesse mal. Em geral é o contrário, mas...
trata-se de Richard Feynman. Assisti a um curso seu, no Rio de Janeiro, sobre física do
estado sólido, magnífico, cheio de tensão da descoberta (fazia-as de um dia para o
outro, de noite, no hotel), em que se devia seguir uma regra curiosa: embora o curso fosse
em português, as perguntas ao mestre deviam ser em inglês.
Sua fama transcendeu o ambiente dos físicos com o aparecimento do
Deve Ser Brincadeira, Sr. Feynmam, em 1985. Imediato e duradouro best seller,
seguido de várias outras coleções de suas aventuras, o livro deu origem a um culto a
Feynman nos Estados Unidos de tal porte que rivaliza, se não ultrapassa, aquele por
Charles Lindbergh, o aviador solitário, pioneiro da travessia do Atlântico.
(....)"
Pergunta: O que uma resenha de um livro de Física tem a ver com aquele
projeto de Lei?
Resposta: Aparentemente nada, mas tem, e muito. O exemplo da
conferência de FEYNMAN em português para ser perguntado em inglês é natural do
processo de transferência de conhecimento em Seres Humanos, não obstante possa parecer
estranho para os(as) não iniciados em outras linguagens: tal processo confere maior
segurança à comunicação, pois perguntas em uma língua "A" são pertinentes
e/ou não ao que foi, é, ou será, explicado em uma língua "B". Assim ocorre
dentro de uma mesma língua, por exemplo quando nas ações populares são usadas
músicas, literatura, matérias de revistas e jornais, etc., como meios alternativos de
comunicação na criação de valores, inclusive com termos de outras línguas (Inglês,
Espanhol, notação lógica formal, por exemplo), notadamente nas ações populares da
série Tabagismo e o Direito, que usou e adaptou termos do Direito Comum dos Estados
Unidos da América. As redes de comunicação que possibilitam meios de recepção do
sinal de áudio original também são grandes exemplos daquele fenômeno.
Outro dado de fato importante a ser pensado pelos Parlamentares
brasileiros é a tendência do Brasil em receber Seres Humanos de outras partes do planeta
Terra, que naturalmente não falam o português como primeira língua e que procuram
comunicação por Inglês e/ou Espanhol, na maior parte das vezes. Vale lembrar que a
Constituição Federal brasileira garante aos estrangeiros(as) os mesmos direitos
fundamentais dos(as) brasileiros(as), no artigo 5º, em harmonia com o artigo 13, que
positiva ser a língua portuguesa o idioma oficial da República Federativa do Brasil.
Ainda, o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro, com repercussões no
mercado interno, regional e global, tendem a promover a criação de novas palavras,
resultantes não apenas de palavras portuguesas, mas também de outros idiomas, como já
ocorre na área da Informática, Biotecnologia, Direito (que também usa e cria
expressões a partir de uma "língua morta" o Latim), a Medicina e muitas outras
linguagens técnicas e/ou mesmo a linguagem popular, notadamente na letra de músicas (cf.
Except from GERTRUDE STEIN reads from her poetryã 1956, 1989
by HARPER PUBLISHERS, INC. (65487338) in PORTRAIT OF GERTRUDE - A FÁBRICA DO POEMA
- www.sonymusic.com.br - com tradução de
SUSANA MORAES )
Outro elemento de fato e de direito a ser refletido é a experiência
histórica da União Européia, que promove a convivência "pacífica" de
diferentes culturas e idiomas, sendo exemplo a publicação INNOVATION & TECHNOLOGY
TRANSFER - www.cordis.lu/itt/itt-en/home.html - publicada em diversos idiomas. No mesmo
sentido, vale lembrar os programas de navegação na Internet que "traduzem"
simultaneamente as páginas para um dado idioma.
Em termos técnicos jurídicos vale lembrar que o Direito de
Informação do(a) Consumidor(a) que não entender o que está sendo comunicado (mesmo na
popular "língua mãe") em uma oferta qualquer está garantido pelo Código de
Defesa do Consumidor(a), bastando pedir a "tradução" pelo(a) Fornecedor(a) do
produto e/ou serviço.
Sinceramente,
Carlos Perin Filho
E.T.: Uma pergunta "de brincadeira" que fica no ar para
Todos(as), trocando os termos relativos à Filosofia para outros
"lingüísticos" e oferecida por ANTONIO REZENDE, in verbis:
"(....)
A reflexão sobre o nosso passado filosófico, mostrando que, qualquer
que seja o mecanismo de seu aparecimento no país, as idéias filosóficas sempre
estiveram no lugar, não nos ajudaria, hoje, a ter maior clareza quanto às funções
dessas idéias, e no difícil aprendizado filosófico saber, talvez, como conciliar afinal
o singular brasileiro com o universal da filosofia?" (in CURSO DE FILOSOFIA,
Jorge Zahar Editor/ SEAF, Rio de Janeiro, 8ª ed., 1998, p. 244)
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