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ROBERTO MANGABEIRA UNGER, RENATO
JANINE RIBEIRO
e Você Cidadania |
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ROBERTO MANGABEIRA UNGER, em artigo sob o
título "Uma experiência de política", publicado no jornal Folha de S. Paulo,
de 16/07/2000, p. A-3, manifesta a distância entre o ser e o dever ser, na sua
concepção de Política. Os destaques daquele pensamento são evidenciados nos seguintes
parágrafos inicial e final, in verbis:
"Por que um homem tão mal preparado quanto eu para o jogo duro e
sujo da política brasileira se lançou na aventura de ser pré-candidato a prefeito de
São Paulo? Que revela minha experiência sobre as oportunidades e as dificuldades da
ação política no Brasil? (....)
Depois de tanta luta em São Paulo e num momento de absurda alegria,
vendo nossos quatro filhos pequenos dormindo juntos, no chão de nossa casa, antevejo o
Brasil restituído à posse de si mesmo: vasto, anárquico, tosco, inculto, quase cego,
misteriosamente predestinado ao casamento da pujança com a ternura e, finalmente,
pronto."
RENATO JANINE RIBEIRO, em entrevista a HAROLDO CERAVOLO SEREZA,
publicada no jornal O Estado de S. Paulo, de 16/07/2000, p. D-12, manifesta também aquela
distância entre ser e dever ser, notadamente quanto ao problema da corrupção nas
instituições brasileiras, com destaque para as seguintes perguntas e respostas, in
verbis:
"Estado - Você planeja escrever um livro dirigido ao público
e diz uso no prefácio e na conclusão. Como ele será?
Renato Janine Ribeiro - Isso parte de uma observação da própria
história da filosofia política. É espantoso, porque os filósofos falam da política
como se fosse um objeto dado, quando a política, a ação humana têm como
característica o fato de poderem acontecer e poderem não acontecer. Não se pode falar
do Estado, de como ele deve ser, do mesmo modo que você diz que a água ferve a 100º C.
Acho que há certo erro do modo como a filosofia política e a ética vêm sendo tratadas.
Abusa-se do verbo ser. Tal coisa não é: tal coisa pode vir a ser, depende, virá se o
leitor concordar. Um livro que pretende persuadir tem de introduzir o personagem
"você", dirigir-se ao leitor. Ainda não sei como farei isso, estou nas bordas.
(....)
Estado - Por que o problema da corrupção domina a arena política?
Ribeiro - Corrupção é hoje como se pensa a política no Brasil.
As outras questões - projeto econômico, etc. -, ocorrem "entre quatro
paredes". Ora, a corrupção está sendo pensada no Brasil a partir da idéia de
furto, não de corrupção dos costumes políticos. Isso transfere para a esfera privada
um problema político. Se, hoje, para nós, corrupção é apenas furto do bem público,
é porque a idéia de corrupção dos costumes não tem mais cabimento. O que tentei
sugerir no livro(*) é que a corrupção é o lado escuro da liberdade, algo que , se
fosse iluminado, se transformaria em escolha dos próprios caminhos pelas pessoas.
Estado - Como clarear esse caminho?
Ribeiro - Você tem uma série de áreas em que a liberdade humana
é muito limitada: sexual, amorosa. Se desbloqueássemos essas áreas, a corrupção
poderia diminuir. A corrupção, na verdade, é uma revolta contra as regras, mas uma
revolta covarde, porque significa não as enfrentar. Acredito que há uma sensação
difusa de que as regras não são boas. Há uma revolta em embrião."
Pergunta: O que aqueles dois textos guardam em comum neste hipertexto?
Resposta: A revolta em embrião da Sociedade contra o Social de JANINE
RIBEIRO e o descompasso entre ser e dever ser Política de MANGABEIRA UNGER são
ingredientes da salada cultural de Você Cidadania brasileira, que vivencia ser o seu
dever de uma forma cultural especial, muitas vezes pré e/ou pós institucional, causa
e/ou efeito de uma salutar patologia histórica de buscar no(a) outro(a) de qualidades
e/ou defeitos próprios, em paraconsistente antropofagia de Todos(as) contra Ninguém.
Sorte de Você Cidadania "top gulosa", que pode desfrutar, e
ser desfrutada, na culinária brasileira da salada de idéias.
Sinceramente,
Carlos Perin Filho
(*) A Sociedade contra o Social, Cia. das Letras, 226 págs., R$ 25,50
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