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Excelentíssimo(a)
Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) Federal da 8ª Vara Cível da Seção da Justiça Federal de
São Paulo
(16NOV 13 09 00 067028)
Autos nº 98.0040996-3
Ação Popular
Autor: Carlos Perin Filho
Réus: União Federal & Souza Cruz S/A
Carlos Perin Filho, nos autos da ação em epígrafe, venho,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, em ilustração, apresentar as
seguintes matérias e comentários:
A primeira ilustração, da curadoria de TADEU CHIARELLI, do Museu de
Arte Moderna de São Paulo - mam - publicação sob título "COLEÇÃO PIRELLI NO
ACERVO DO MAM: ARTE BRASILEIRA ANOS 60", com obras de JOSÉ ROBERTO AGUILAR, RUBENS
GERCHMAN, MAURÍCIO NOGUEIRA LIMA, CLÁUDIO TOZZI, MARCELLO NITSCHE, UBIRAJARA RIBEIRO -
com destaques para Alert: Nova arma masculina que as mulheres não resistem
e Ela usa Darling, ANNA MARIA MAIOLINO, RAYMUNDO COLARES e ABRAHAN
PALATNIK, com recursos da Cidadania, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
A segunda ilustração, também da curadoria de TADEU CHIARELLI, do
Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM Espaço Higienópolis - catálogo do projeto
imagemexperimental no espaço mam higienópolis, destacando os
principais nomes da arte brasileira e internacional do século XX e XXI, com o apoio da
TELESP CELULAR e recursos da Cidadania, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
A terceira ilustração é um catálogo do Museu de Arte Moderna de
São Paulo, a contar sua evolução nos últimos anos. Os destaques são quantitativos
e/ou qualitativos, seja em número de Visitantes, na qualidade do Acervo em expansão, nas
Exibições, instalações (Biblioteca, Cinema), capacitação profissional e estrutural
(Departamento Educacional, Lojas, Restaurante), também com a participação especial da
Cidadania, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
A quarta ilustração é outro catálogo, da exibição MATRIZES
DO EXPRESSIONISMO NO BRASIL - ABRAMO, GOELDI E SEGALL, em andamento naquele Museu,
sob iniciativa e/ou organização, além daquele, do Ministério das Relações Exteriores
da REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA, GOETHE INSTITUT e MUSEU LASAR SEGALL. O destaque, para
os fins desta actio popularis, vai para os affects de TOM
PLISCHKE, o most outstanding performer do Phillip Morris Dance
Scholarship: Dança é cultura, tabagismo não é cultura.
Para concluir valem as considerações da arte como forma de pensamento
e educação (que lembram o sentir auto-didata deste Cidadão que também é Advogado ao
redigir esta petição, entre outras administrativas e/ou ações populares) da lavra de
MARIA LÚCIA DE ARRUDA ARANHA e MARIA H. PIRES MARTINS, in verbis:
"(....)
O verdadeiro artista intui a forma organizadora dos objetos ou eventos
sobre os quais focaliza sua atenção. Ele vê, ou ouve, o que está por trás da
aparência exterior do mundo. Por exemplo, no filme Amadeus, de Milos Forman
(prêmio Oscar de 1985), há uma cena que mostra didaticamente esse processo. A sogra de
Mozart, emocionada e muito irritada, conta ao compositor por que a filha dela o abandonou.
Mozart, que a princípio realmente procurava uma resposta para essa questão, lentamente
deixa de prestar atenção às palavras para sintonizar com a melodia e ritmo do discurso.
Ele ouve a musicalidade por trás do discurso inflamado e compõe uma ária para A
flauta mágica. Assim, como todo artista, Mozart percebe, pelo poder seletivo e
interpretativo dos seus sentidos, formas que não podem ser nomeadas, que não podem ser
reduzidas a um discurso verbal explicativo, pois elas precisam ser sentidas, e não
explicadas. A partir dessa intuição, o artista não cria mais cópias da natureza, mas,
sim, símbolos dessa mesma natureza e da vida humana.
(....)
2. A educação em arte
A educação em arte só pde propor um caminho: o da convivência
com as obras de arte. Aquelas que estão assim rotuladas em museus e galerias, as que
estão em praças públicas, as que estão em bancos, em repartições do governo, nas
casas de amigos e conhecidos. Também aquelas, anônimas, que encontramos às vezes numa
vitrina, numa feira, nas mãos de um artesão. As que estão em alguns cinemas, teatros,
na televisão e no rádio. As que estão nas ruas: certos edifícios, casas, jardins,
túmulos. Passamos por muitas delas, todos os dias, sem vê-las. Por isso, é preciso uma
determinada intenção de procurá-las, de percebê-las.
Quanto mais ampla for essa convivência com os tipos de arte, os
estilos, as épocas e os artistas, melhor. É só através desse contato aberto e
eclático que podemos afinar a nossa sensibilidade para as nuances e sutilezas de cada
obra, sem querer impor-lhe o nosso gosto e os nossos padrões subjetivos, que são
marcados historicamente pela época e pelo lugar em que vivemos, bem como pela classe
social a que pertencemos. "Lembraremos, ainda, que é na freqüentação da obra que
a intersubjetividade pode se dar. É através dela que podemos encontrar com o
autor, sua época e também com nossos semelhantes. É pelas veredas não-racionais da
arte que a freqüentação permite descobrir e percorrer, que nos sintonizamos
com o outro, numa relação particular que a vida cotidiana desconhece. Terreno da
intersubjetividade, a arte nos une, servindo de lugar de encontro, de comunhão intuitiva;
ela não nos coloca de acordo: ela nos irmana."
Em seguida, precisamos aprender a sentir. Em nossa sociedade, dada a
importância atribuída à racionalidade e à palavra, não é raro tentarmos, sempre,
enquadrar a arte dentro desse tipo de perspectiva. Assumimos, então, tal distância da
obra que não é possível recebê-la através do sentimento. Por outro lado, o
sentimento, como já dissemos, não é a emoção descabelada. Chorar ao assistir a um
drama ou ao ouvir uma música não é sinal de que estejamos acolhendo a obra através do
sentimento. Podemos estar fazendo uma catarse das nossas emoções. No sentimento, ao
contrário, a emoção é despida de seu conteúdo material e elevada a um outro estado:
retirado o peso da paixão, permanecem o movimento e as oscilações do sentir em
comunhão com o objeto.
Finalmente, já fora da experiência estética, podemos chegar ao
nível da recepção crítica, da análise intelectual da obra, do julgamento do seu
valor, que é o trabalho do crítico e do historiador da arte. Para essa tarefa, só a
convivência com a obra não basta. É necessário o conhecimento histórico dos estilos,
da linguagem de cada arte, além de um profundo conhecimento da cultura que gerou cada
obra.
Concluindo, a arte não pode jamais ser a conceitualização abstrata
do mundo. Ela é percepção da realidade na medida em que cria formas sensíveis que
interpretam o mundo, proporcionando o conhecimento por familiaridade com a experiência
afetiva. Esse modo de apreensão do real alcança seus aspectos mais profundos, que pela
sua própria imediaticidade não podem ser apresentados de outra forma. A partir dessa
idéias, podemos compreender a apígrafe do capítulo:
Entender a idéia de uma obra de arte é mais como ter uma nova
experiência do que como admitir uma nova proposição." (In: FILOSOFANDO -
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA, 2ª edição, revista e ampliada, www.moderna.com.br - 2000, p. 345-8)
Do artisticamente ilustrado requeiro a curadoria judicial
desta obra popular para higienizar a cidade, agora com mais algumas coisas (in)comuns,
pois...
Viver...
é
fazer
a energia
no e s p a ç o
valer
o tempo
da paraconsistência
existencial humana,
de ser
e dever ser,
é uma Arte.
São Paulo, 15 de novembro de 2000.
179º da Independência e 113º da República.
Carlos Perin Filho
OAB-SP 109.649
E.T.: Meu nome e assinaturas não conferem com os documentos apresentados em função
da reconfiguração de direito em andamento, nos termos da Ação Popular nº
98.0050468-0, 11ª Vara Federal, ora em grau de Apelação, em autos sob nº
2000.03.99.030541-5, perante o Egrégio Tribunal Regional Federal da Terceira Região - www.trf3r.gov.br - sob relatoria do
Desembargador Federal ANDRADE MARTINS.
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