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ARIANO
SUASSUNA, Arte Local e/ou
Arte Universal e Você Cidadania |
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ARIANO SUASSUNA, em artigo parcialmente
publicado no jornal Folha de S. Paulo de 04/09/2000, p. E-8, sob o título "O
Movimento Regionalista e o Armorial" aborda o contexto cultural da década de 60 -
terceira fase do Modernismo - sob os efeitos da performance do "Auto da
Compadecida", por auto-meta-linguagem a artigo sob título "Teatro, Região e
Tradição", com destaque para o seguinte parágrafo, in verbis:
"Afirmar que os movimentos artísticos duram necessariamente um
certo tempo, ficando superados a partir daí (...) é olhar a Arte por um ângulo
historicista que amesquinha ao mesmo tempo a Arte e a História. É confundir o Movimento
artístico-histórico com a posição fundamental, que pode ser retomada validamente a
qualquer momento, bastando para isso que um artista verdadeiro tenha gosto por ela, o que
pode suceder em qualquer tempo, em qualquer lugar, a favor ou contra as inclinações da
moda. Entretanto será o próprio Regionalismo histórico nosso que examinarei agora, do
ponto-de-vista pessoal que escolhi de início; pois não o considero superado: pelo menos
quanto a mim, ele tem inúmeras ligações com a posição que procuro. E, também, pelo
menos quanto a mim, basta isto par lhe dar validade a meus olhos. É claro que podemos,
ambos, ser anacrônicos, mas ser anacrônico é algo que nunca me preocupou,
pelo contrário"
A preocupação com a relatividade da classificação histórica em
função da preocupação com a matéria essencial da Arte é expressa também por MARIA
CELIA PAOLI e MARCO ANTONIO DE ALMEIDA, in verbis:
"MEMÓRIA, CIDADANIA, CULTURA POPULAR
Poucas questões são tão difíceis, nas ciências humanas e nas
políticas culturais, quanto a avaliação do significado democrático e cidadão das
experiências culturais populares, sobretudo quando a elas se ligam discursos
interpretativos próprios.
(....)
Nas regiões da cultura, a reconstrução da memória a partir da
experiência vivida pode permitir a discussão, em esferas populares, com diferentes
sentidos públicos, dos conceitos de justo e injusto, trazendo
novos aportes para a reflexão sobre a constituição de espaços verdadeiramente
cidadãos em contraposição à tendência privatista e atomizadora da realidade atual,
empobrecedora das experiências coletivas. Uma posição muito bem ilustrada por
Martín-Barbero:
A proposta política que tenciona materializar democraticamente
aquela concepção e combater essa tendência não pode ser a proposta que se contente em
resgatar as raízes e impedir as contaminações da indústria cultural e, sim, a
concepção que sustente e apóie toda prática e movimento cultural que fortaleça o
tecido social, aquela que estimule as formas de encontro e reconhecimento comunitário,
não tanto para rememorar um passado funcionalizado politicamente, mas sim para
possibilitar experiências coletivas que combatam a atomização urbana e robusteçam o
sentido social (Martín-Barbero. 1993;30)
O que concluir disso tudo? Que há a tentativa de, no mínimo, um duplo
movimento para se conectar a memória popular excluída e sua expressão
pública como possibilidade de crítica e diálogo com a institucionalidade vigente (as
lógicas dos mídias, da modernidade urbana, do Estado excludente): de um lado, apreender
a temporalidade na qual se misturam todos os traços vividos e compartilhados em uma
memória narrativa, reflexiva, combinando simultaneamente resistência e
conformismo (Chauí, 1987), ato de seletividade (esquecimento/lembrança) e
negociação da presença não-excluída. De outro lado, deveria trabalhar com o pressuposto
dialógico das trocas que ocorrem entre cultura popular e seus atores com o mundo
instituído, para marcar a linha que delimita a expressão deliberada da reivindicação
dos direitos da presença dispersa da cultura popular na própria dinâmica da
modernidade. Mas sobretudo reconhecer que procurar a presença pública da memória
popular, como cultura e política, mostra-se em formas diversas e opera por diferentes
modos de reflexão; a experiência da exclusão e da carência não solapa a intermitente
reflexão operada sobre o mundo; sobre estas bases, a interlocução pode fazer emergir e
explicitar, pelo trabalho paciente e comprometido com a subjetividade e interioridade dos
sujeitos, os labirintos em que a memória desenha uma outra racionalidade e uma outra
direção do passado e do presente." (in REVISTA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E
ARTÍSTICO NACIONAL Nº 24 - CIDADANIA - www.iphan.gov.br
- p. 185/92)
Ambos os textos são expressões de uma diferença que é mais familiar
para Seres Humanos da comunidade artística - de produtores(as) culturais - porém de
sutil percepção para aqueles(as) que singelamente consomem a Cultura na forma de singelo
entretenimento, resultando na percepção temporal mais aguçada nestes(as), menos
naqueles(as). Moral da história: Viver é fazer a energia no espaço valer o tempo da
paraconsistência existencial humana de ser e dever ser: ontem, hoje e/ou amanhã, uma
Arte.
Sinceramente,
Carlos Perin Filho
E.T.:
1º) Para os(as) iniciados em Direito, favor refletir este hipertexto
em paralelo aos direitos (im)prescritíveis, com as devidas diferenças de ser
- Arte - e dever ser - Direito.
2º) Para os(as) iniciados em Matemática, favor refletir este
hipertexto em paralelo aos instrumentos lógicos de operação com grandezas (in)finitas.
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